A rima entre ilustração e literatura na arte de Wado
Projeto Dois Dedos de Prosa e Poesia apresenta a trajetória do artista, autor de dois livros pela Imprensa Oficial
Myllena Diniz
O segundo episódio do Projeto Dois Dedos de Prosa e Poesia – uma parceria de incentivo à produção literária entre a Imprensa Oficial Graciliano Ramos e a Academia Alagoana de Letras (AAL) – traz a história de Wado, jornalista, cantor, compositor e ilustrador radicado em Alagoas.
Graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de Alagoas, Wado reconheceu no mundo das artes o seu próprio universo. “Eu venho da música e da ilustração. Trabalho no ramo das artes e de todos os seus desdobramentos. Não é fácil essa opção, mas é muito prazerosa também. Demanda um esforço nosso, mas é uma busca muito gostosa. E fazer a arte acontecer e funcionar também é igualmente prazeroso”, ressaltou o artista.
No bate-papo, disponível no canal da AAL, no Youtube, Wado descreve sua passagem pela Literatura, consolidada por meio dos editais fomentados pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. “Fui contemplado em três obras da Editora Graciliano Ramos. Minha primeira participação foi com a ilustração do livro A Ilha de Laura, de autoria de Amanda Prado, por meio do edital para ilustradores. Fiquei muito feliz e orgulhoso com o resultado. É um livro que trata da Ilha do Ferro, um lugar muito mágico, cultural e artístico para o Estado de Alagoas”, relembrou.
Mas, segundo ele, sua primeira grande imersão se deu com a publicação de Água do Mar nos Olhos, de sua própria autoria. “Essa obra reflete a minha trajetória de 20 anos na música. É um desdobramento do meu trabalho visual e do conteúdo de letras das minhas canções. O livro engloba grande parte da minha discografia e é muito bonito, pois foi realizado de uma forma muito delicada, muito bem pensada”, destacou o autor.
Além da riqueza textual, o seu primeiro livro conta com um arrojado projeto gráfico, capitaneado por Fernando Rizzotto, diretor de arte da Imprensa Oficial. Água do Mar nos Olhos chegou às prateleiras com uma diagramação criativa e repleta de texturas, com mesclas entre papel craft e couché, e, ainda, colorações desafiadoras.
“É um projeto corajoso. Tem impressão tinta branca no papel craft – algo que a gente se arriscou. Fernando Rizzotto correu o risco e chegou aos resultados. A tinta branca no papel faz com que cada unidade do livro seja única, porque ela não bate de uma forma expressamente uniforme, é sempre diferente. Então, uso esse livro como um cartão de visitas na minha profissão. É uma celebração à minha trajetória, com minhas letras todas e com esse projeto gráfico arrojado”, avaliou Wado.
Prêmio Aldir Blanc
A terceira incursão de Wado pelo universo literário veio com o livro Caderno de Anotações, também publicado pela Imprensa Oficial. A relevância da obra foi atestada com a premiação na categoria Obras Não Inéditas do Projeto Aldir Blanc, por meio da Lei nº 14.017/20, que define ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante o estado de calamidade decorrente da Covid-19.
“Eu acreditava muito na força poética desse livro, ele tem uma condensação de ideias, por meio de humor, insights e aforismos. Estar entre os 10 melhores das obras não inéditas do Estado – e óbvio que isso é sempre muito relativo, porque depende do júri e de uma circunstância –, naquele momento, me fez muito feliz. Então, estou reimprimindo o livro e pretendo fazer, no final deste ano, um pacote de divulgação contendo um DVD comemorativo de 20 anos de carreira, a reimpressão da obra, uma exposição nova em 3D, e mais algumas boas surpresas”, revelou.
Próximos passos
No vídeo, Wado refletiu sobre a importância das políticas de incentivo à cultura e também falou sobre as expectativas futuras. “A Lei Aldir Blanc veio para dar um respiro e para dar dignidade à classe artística. O Estado de Alagoas, diferente de alguns outros, conseguiu usar o grosso da lei e pulverizar bastante, em todos os segmentos da arte. Isso foi extremamente benéfico e foi dignificante para esse ano tão difícil. Agora, a gente espera que, com a vacinação, a partir do ano que vem, possa voltar a trabalhar fisicamente, para poder ter os encontros, onde a arte se faz tão especial”, salientou.
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